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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Gestos
com que medida
se mede o amor?
com quantas luas
ou sóis oceanos
tormentas
com quantos pequenos
ou quase imperceptíveis gestos?
perfumar a casa
fazer a cama
cortar o pão
rearrumar os sonhos
pronuncio o teu nome
e de muito longe
um oásis me habita
e o ar estremece
povoado de anjos.
Roseana Murray

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Meus olhos ficaram mareados ao ler esse poema e pensar em nós...

A contagem do amor

1,2,3,4,5:
na paisagem do tempo deixam vinco?

6,7,8,9,10:
a praia cada vez mais distante do convés?

11,12,13,14,15:
de tão longe, nem há rima pra "inze"?

16,17,18,19,20
só mesmo se houver muito requinte?

21,22,23,24,20 e ...
performance tão alta nunca vi?

Pois saibam todos vocês, entendedores
de amor, que por cima dos amores

transitórios, medíocres, sem garra,
um amor se levanta e não esbarra

nas ferragens do tempo, antes floresce,
a cada dia se aprimora e cresce

e viça e estende ramos frondejantes
sobre a tranquila face dos amantes

que se beijam no doce ritual
do grande amor fiel e atemporal!

em vinte e cinco rápidos e eternos
anos-minutos passionais e ternos,

amor meu, teu amor - a mesma intensa
pura exaltação, na sede imensa

de infinito que cabe num momento
de unidade perfeita, sentimento

de que não pode a vida, o tempo, a dor
aniquilar, querida, o nosso amor.

Carlos Drummond de Andrade 

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Este traduz meus sentimentos de hoje...

Hoje, eu queria a altivez da onda,
o brilho do sol,
a imponência da montanha,
a vastidão do mar...
Tudo isso, e tu me notarias?

Hoje, eu queria a suavidade do regato,
a carícia do vento,
a maciez da nuvem,
a ternura da lua...
Tudo isso, e tu me sentirias?

Hoje, eu queria a doçura do mel,
a beleza da flor,
a meiguice do pássaro,
o calor do verão findando.
Tudo isso, e tu me aceitarias?

Hoje, eu me queria assim,
terna e romântica,
altiva e luminosa,
suave e morna...
Tudo isso, e tu me amarias?

Mila Ramos

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Adoro esse poema...


Se sou amado,
quanto mais amado
mais correspondo ao amor.

Se sou esquecido,
devo esquecer também,
Pois amor é feito espelho:
-tem que ter reflexo.

Pablo Neruda

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Poeminha depois de nosso primeiro aniversário...


Caso você queira posso passar seu terno,
aquele que você não usa por estar amarrotado.
Costuro as suas meias para o longo inverno...
Use capa de chuva, não quero ter você molhado.
Se de noite fizer aquele tão esperado frio
poderei cobrir-lhe com meu corpo inteiro.
E verás como a minha pele de algodão macio,
agora quente, será fresca quando for janeiro.
Nos meses de outono eu varro a sua varanda,
para deitarmos debaixo de todos os planetas.
O meu cheiro te acolherá com toques de lavanda
- Em mim há outras mulheres e algumas ninfetas -
Depois plantarei para ti margaridas da primavera
e aí no meu corpo somente você e leves vestidos,
para serem tirados pelo seu total desejo de quimera.
- Os meus desejos, irei ver nos seus olhos refletidos.

Fernanda Young

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Sempre que leio esse poema penso em você...



SINOS
                                                                                                                                                               
quando estava só
nos meus vastos campos
de machucadas orquídeas
e silêncio
e à noite bebia em taças opacas
estrelas líquidas e passado
e o vento do deserto
me alcançava trazendo
o rumor dos mortos
você chegou
com vassoura de luz
varreu a casa e limpou os sinos

Roseana Murray

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Para você.... somente você.




É muito tarde para não te amar.
Tudo o que ouço é o sopro do teu nome.
O que sinto é teu corpo, que consome
- presente,ausente - o meu corpo.Luar

em que me abraso, morro: teu olhar
ofuscando memórias, onde some
um mundo, e outro se ergue. Sede, fome
e esperança.Ah, para não te amar

é tão tarde que tudo é já distância,
que só respiro este luar que me arde,
este sopro sem praias do teu nome,

esta pedra em que pulsa e medra a ânsia
e esta aura, enfim, em que me envolve( é tarde!)
o que és - presente, ausente - e me consome.

Ruy Espinheira Filho

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Ao meu capitão do céu estrelado...

Eu quero te contar
a minha vida,
espalhar na mesa
os vidrinhos as lãs
com que fiei meus sonhos
e te falarei dos meus infernos
e precipícios,
de quantas mortes morri
enquanto me olhavas no espelho.
Eu quero te falar
de longas esperas
em plataformas vazias,
te falar de um trem
que nunca chegava,
de um navio de areia
escorrendo entre os dedos.
Eu quero te contar
a minha vida
em suas insignificantes
nuances,
sem esconder os fantasmas
nos bolsos internos da alma.
Eu quero te contar
a minha vida,
no que ela tem de náusea
e desejo,
amassando as palavras
como se fossem de argila.
Eu quero te falar
dos ventos que embaralhavam
a casa,
das minhas caixas e cofres
das minhas magoadas estrelas.
Eu quero te falar
da minha vida
como se escrevesse em tua
pele
e me inscrevesse nela
porque em algum recanto
sombrio
a minha vida tem folhas,
que são da tua
e não me pertence apenas
o meu cotidiano,
é feito com a mesma
esgarçada renda do teu
e nesse lugar
à beira do imaginário
nos encontramos
e bebemos da mesma fonte.

Roseana Murray

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Outro poema lindo, que me faz pensar....

Eu tropecei estradas,
Escorreguei ladeiras,
Encharquei caminhos sob a chuva fina,
Suei picadas nas febres do mormaço,
Sustentei de poeira meu cansaço.
Da vida, fiz andanças,
Mochilas, fiz mudanças,andei!
Como molhei de suor meu coração!
Quanto, à deriva, pisei-me no meu pranto...
E caminhava mais!
Estrepes e espinhos marcaram cicatrizes
Na paisagem parda e sem matizes,
Onde o querer andar, desgovernado e trôpego,
Perdia-me no perdido dos caminhos.
Cansei!
Parei à sombra de uma vida
E, delirando, sonhei que era minha.

- Vem!
Eu fui!
Era um caminho novo, verde e lindo!
Desvairada corri, liberta e nua,
Abrindo os braços,
Enlouquecida, solta, céu e lua,
Para abraçar tu'alma!

Eu te tocava,quase,
Quando o caminho
Rasgou-se em dois atalhos:
Tu seguias por um, suave e leve,
E me apontavas o outro, gelo,neve!

Minha alma esgazeou-se.
Meu coração, vestido de mendigo,
Despertou suado, morno, empoeirado,
Na brisa velha de um velho vento antigo...

Mila Ramos

sábado, 30 de abril de 2011

Este é um poema de Mila Ramos, que ao me deparar com ele logo pensei em meu caro e em tudo o que sinto por ele.

SERENIDADE

Tu me ensinaste a amar mansamente,
Sem espera,sem pressa, sem angústia,
Amor que não exige,
Amor que não reclama,
Amor que nem se atreve mais
A repetir que ama,ama,ama...


Tu me ensinaste a amar mansamente,
Em silêncio, serena, imóvel,calma.
Como te chamarei,
Amor de quietude,
Amor que nem se atreve mais
A esperar,amor que não se ilude...


Mas é tão falsa essa serenidade,
Tão frágil,inútil,mascarada,
Que mal resiste a um riso teu
E já se sente amada!
De novo, um turbilhão me invade a alma,
A agitação me possui, viro tormenta,

Mar que te anseia e arrebenta
Em tua paz...


Depois, voltando à calma,
O meu amor se recolhe,
A mansidão perdura,
E serena,amando espero,
Teu novo gesto de ternura...


Mila Ramos