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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Gestos
com que medida
se mede o amor?
com quantas luas
ou sóis oceanos
tormentas
com quantos pequenos
ou quase imperceptíveis gestos?
perfumar a casa
fazer a cama
cortar o pão
rearrumar os sonhos
pronuncio o teu nome
e de muito longe
um oásis me habita
e o ar estremece
povoado de anjos.
Roseana Murray

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Sempre que leio esse poema penso em você...



SINOS
                                                                                                                                                               
quando estava só
nos meus vastos campos
de machucadas orquídeas
e silêncio
e à noite bebia em taças opacas
estrelas líquidas e passado
e o vento do deserto
me alcançava trazendo
o rumor dos mortos
você chegou
com vassoura de luz
varreu a casa e limpou os sinos

Roseana Murray

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Ao meu capitão do céu estrelado...

Eu quero te contar
a minha vida,
espalhar na mesa
os vidrinhos as lãs
com que fiei meus sonhos
e te falarei dos meus infernos
e precipícios,
de quantas mortes morri
enquanto me olhavas no espelho.
Eu quero te falar
de longas esperas
em plataformas vazias,
te falar de um trem
que nunca chegava,
de um navio de areia
escorrendo entre os dedos.
Eu quero te contar
a minha vida
em suas insignificantes
nuances,
sem esconder os fantasmas
nos bolsos internos da alma.
Eu quero te contar
a minha vida,
no que ela tem de náusea
e desejo,
amassando as palavras
como se fossem de argila.
Eu quero te falar
dos ventos que embaralhavam
a casa,
das minhas caixas e cofres
das minhas magoadas estrelas.
Eu quero te falar
da minha vida
como se escrevesse em tua
pele
e me inscrevesse nela
porque em algum recanto
sombrio
a minha vida tem folhas,
que são da tua
e não me pertence apenas
o meu cotidiano,
é feito com a mesma
esgarçada renda do teu
e nesse lugar
à beira do imaginário
nos encontramos
e bebemos da mesma fonte.

Roseana Murray