A contagem do amor
1,2,3,4,5:
na paisagem do tempo deixam vinco?
6,7,8,9,10:
a praia cada vez mais distante do convés?
11,12,13,14,15:
de tão longe, nem há rima pra "inze"?
16,17,18,19,20
só mesmo se houver muito requinte?
21,22,23,24,20 e ...
performance tão alta nunca vi?
Pois saibam todos vocês, entendedores
de amor, que por cima dos amores
transitórios, medíocres, sem garra,
um amor se levanta e não esbarra
nas ferragens do tempo, antes floresce,
a cada dia se aprimora e cresce
e viça e estende ramos frondejantes
sobre a tranquila face dos amantes
na paisagem do tempo deixam vinco?
6,7,8,9,10:
a praia cada vez mais distante do convés?
11,12,13,14,15:
de tão longe, nem há rima pra "inze"?
16,17,18,19,20
só mesmo se houver muito requinte?
21,22,23,24,20 e ...
performance tão alta nunca vi?
Pois saibam todos vocês, entendedores
de amor, que por cima dos amores
transitórios, medíocres, sem garra,
um amor se levanta e não esbarra
nas ferragens do tempo, antes floresce,
a cada dia se aprimora e cresce
e viça e estende ramos frondejantes
sobre a tranquila face dos amantes
que se beijam no doce ritual
do grande amor fiel e atemporal!
em vinte e cinco rápidos e eternos
anos-minutos passionais e ternos,
amor meu, teu amor - a mesma intensa
pura exaltação, na sede imensa
de infinito que cabe num momento
de unidade perfeita, sentimento
de que não pode a vida, o tempo, a dor
aniquilar, querida, o nosso amor.
Carlos Drummond de Andrade
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